Fui apresentar meu novo projeto cinematográfico ao meu produtor. Ele leu e me disse que gostou protocolarmente. Depois suspirou, fez uma pausa e falou:
– Bergman, veja bem.
Sempre que alguém diz “veja bem” eu me acomodo na cadeira.
– Os tempos são outros – disse ele.
– Não tenho como discordar – e acrescentei, para quebrar o gelo (aqui na Suécia é abundante) – e os de amanhã serão outros ainda.
Papo cabeça é comigo mesmo.
– Veja bem – insistiu.
Dessa vez pensei em dizer que eu iria procurar um oculista logo que saísse dali, mas me calei porque vi que o assunto era sério.
– Até o Woody Allen está fazendo algumas concessões para viabilizar suas produções. Em nome do financiamento, ele tem filmado fora de sua amada Nova York, vem aceitando dinheiro de prefeituras e governos locais que queiram ter suas cidades como cenário de seus filmes. Você sabe, isso ajuda a promover o turismo. E como você influenciou Woody, pensamos que agora ele poderia lhe retribuir a influência.
– Entendo. Vamos logo, onde vocês querem que eu rode meu novo longa?
– Dubai.
– DUBAI? É difícil ambientar um drama existencial em condomínio em forma de palmeira que adentra pelo mar. Ninguém tem conflito interior em Dubai.
– Bergman, são tempos difíceis para o cinema. Woody pensa até em filmar no Rio de Janeiro.
– OK, se for o único jeito.
– Na verdade, queremos lhe pedir só mais uma pequena concessão.
– Mais uma?
– Na verdade, uma que vale por três. Será necessário que você rode também uma versão em 3D. Pronto, falei.
– Explique melhor.
– Muda muito pouca coisa. Imagine a sua cena clássica de O Sétimo Selo, aquela em que o personagem joga xadrez contra a morte. Na hora da captação, bastaria fazer algumas tomadas extras que valorizam o recurso do 3D, como, por exemplo, a mão da morte movimentando um peão em direção à câmera. É só para dar uns sustinhos na plateia.
– E se eu não aceitar...
– Vai ser muito difícil financiar seu filme.
– OK, era isso?
– Uma última coisa: precisamos de sua autorização para lançar uma linha de bonecos dos personagens principais.
– Mas quem disse que meu filme é infantil?
– E quem disse que é a criança que compra esse tipo de coisa hoje em dia?
Cheguei em casa arrasado. Não quis nem discutir a relação com a Liv. Mas ela, com seu senso prático de mulher, consolou-me e ainda me aconselhou:
– Berg, as poltronas estão muito confortáveis para os seus filmes. Ninguém mais vive de mostras e cineclubes. Se for para aderir, vamos com tudo. Proponho até que você mude o titulo da película para O Oitavo Selo – a Revanche.
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Ing, meu velho, você poderia explorar o enorme mercado pornô. Os títulos você já tem.
ResponderExcluirPq vc não faz como os cineastas brasileiros? Pega uma verbinha via renúncia fiscal.
ResponderExcluiré pra ser engraçado ou apenas uma piadinha interna entre estudantes de cinema?
ResponderExcluirCom certeza não é para idiotas como você.
ExcluirConcordo que você deva considerar a possibilidade do promissor mercado cinematográfico pornô. Hoje, o drama existencial da sociedade é saber qual mulher tem a bunda maior.
ResponderExcluirão ão ão o meu forte é rima
ResponderExcluirPara o anonimo do 30 de setembro:
ResponderExcluirNao é para estudantes de cinema, e muito menos piadinha interna.. mas para quem conhece um pouco do trabalho e da vida de bergman. Entendo que voce não tenha achado engraçado... existerá uma razão para isso.. Vá ler o blog do Bob Marley e achará engraçado, mas não é piadinha só para maconheiros e nem para estudantes de música reggae.......... :P
Vídeo pornô, 3D, filmado em Dubai!
ResponderExcluirAbçs,
Anônimo nº05
Bergman, me levou a gostar de cinema. Aqui em Juiz de fora, tinha o cinema São Luiz na praça da estação, que durante muito tempo só passava filme pornó, mas nos seus tempos aureos passava bons filmes, um deles foi Gritos e sussurros, eu passava sempre em frente do cinema, era o meu caminho de casa para a cidade, certo dia tinha um cartaz que dizia: Se você vai ao cinema uma vez por ano este é filme que deve assistir. Pois fui assistir com a minha irmã entre de mãos dadas com ela simulando sermos namorados pois o filme era censura 18 anos, não endenti nada, a parti daí comecei a pesquisar o filme e fui tomando gosto por cinema hoje adoro cinema, obrigado Bergman.
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